domingo, 12 de fevereiro de 2017

Somos a doença e o remédio

domingo, 12 de fevereiro de 2017
Diante da dúvida em relação ao tema deste meu primeiro texto para o nosso blog e, ao pensar sobre a sociedade adoentada em que vivemos, resolvi discorrer a respeito do que por toda vida tive como indubitável: a necessidade de nos respeitarmos e as nossas diferenças. Religião, cultura, padrão social, determinismo biológico, ideais de perfeição e beleza, estão entre as principais causas ou “desculpas” para a disseminação do machismo, preconceito, discriminação, feminicídio e todos os tipos de violência, especialmente contra negros, mulheres e a população LGBT.
Podemos confirmar o alastramento e arraigamento dessas negatividades na sociedade brasileira através, por exemplo, de algumas notícias recentes: “Em 11 dias, 11 mulheres são assassinadas no RN”; “Michel Temer elimina ministério que defende negros, mulheres e LGBTs”; “Mãe diz que filha sofreu racismo em escola do Rio: ‘cabelo de pobre’”; “Andressa Urach está na UTI após tentar retirar hidrogel”; “Travesti é encontrado morto com pelo menos 30 facadas em Caucaia”; “Brasil amarga o preço da intolerância e lidera ranking de violência contra homossexuais”; (...) “Segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, houve 898 homicídios nos últimos 6 meses na região metropolitana de Maceió. Deste número, apenas duas vítimas eram brancas, as outras 896 eram negras”.
Estes tipos de matérias evidenciam o quanto a sociedade está enferma. Algumas políticas públicas foram criadas na tentativa de amenizar os sintomas da nossa patologia civil, porém, ainda são poucos os feitos e efeitos. Ações se iniciam, mas não tem continuidade. O capitalismo propicia a inversão de valores, o “ter” em detrimento do “ser”, em certas situações, neutralizando estigmas, já que, quando se tem poder aquisitivo, negro vira branco e desvalido se torna vultoso, por exemplo.
A escola que deveria possibilitar e instigar, entre outras competências, a aceitação da diversidade, ao contrário, se tornou um ambiente recheado de preconceitos e discriminações - sem falar na padronização e religiosidade de seus processos. Por falar nesta última, muitos a tem usado para fazer julgamentos e espalhar intolerância atrelando religião a Deus. Deixo claro o meu respeito por pessoas que nEle não acreditam. Mas, como aqui imagino ter liberdade para explanar o que penso, tenho convicção de que o comportamento de muitos religiosos não agrada a Deus, pois não refletem importantes princípios cristãos como o amor e o não julgamento.
Anteriormente, citei a imprescindibilidade do respeito mútuo, sobretudo diante das diversidades alheias. No entanto, sei que o problema está profundamente enraizado entre nós. As adversidades que têm nos deixado profunda e negativamente marcados vêm se propagando no decorrer dos séculos, e, embora haja tentativas crescentes de solução, através de movimentos sociais, políticas públicas (ainda que insuficientes), estudos, discussões, existe um longo e árduo caminho a se percorrer em busca da igualdade de direitos para negros, mulheres e LGBTs, entre outros. Repito, nossa sociedade está combalida e é uma “enfermidade” difícil de ser sanada.
Após dois anos e alguns meses tendo o privilégio de ser uma estudante universitária e conhecer um pouco mais sobre as temáticas sobre as quais me refiro, através dos diálogos com teóricos, depoimentos e participações de professores e de alguns colegas nesse tempo, corroboro meu sentimento de indispensabilidade em relação a duas coisas sem as quais, imagino, a luta pela equidade estará perdida: respeito e amor ao próximo. Ademais, concluo meu pensamento com uma questão: Por que incomoda tanto a diferença do outro se em nada ela me prejudica?
Deixo, também, um trecho bíblico:
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
                        2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
                                               - I Coríntios 13 - Bíblia Online